Endometriose na acupuntura

07/12/2012 10:27

 

Para entender o que é endometriose necessita-se primeiro saber o que é endométrio.

Endométrio é o tecido normal que reveste o útero internamente. Cresce e descama todo mês. Inicia seu crescimento logo após a menstruação e se descama na próxima. A cada ciclo menstrual esta rotina se repete. É sobre ele que os bebês se implantam. Se a mulher engravidar ele permanece durante a gestação, caso contrário será eliminado no sangue menstrual.

Esse revestimento, muitas vezes, e por razões não totalmente esclarecidas, pode se implantar em outros órgãos: nos ovários, tubas, intestinos, bexiga, peritônio e, até mesmo, no próprio útero, dentro do músculo. Quando isso acontece, dá-se o nome de Endometriose (se estiver inserido na musculatura do útero tem o nome de Adenomiose), ou seja, endométrio fora do seu local habitual.

O número cada vez maior de casos diagnosticados e a seriedade dos sintomas da doença vêm preocupando autoridades de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Estima-se que 10 a 14% das mulheres, em sua fase reprodutiva (19 a 44 anos) e 25 a 50% das mulheres inférteis estejam acometidas por esta doença. Acredita-se que, no Brasil, existam de 3,5 à 5 milhões de mulheres com endometriose e no mundo, 60 milhões. Estes dados são suficientes para que se perceba a dimensão e importância deste diagnóstico.

Em 1921, Dr. Sampson do Hospital John Hopkins, nos Estados Unidos, demonstrou a sua teoria para explicar a endometriose baseada no refluxo sangüíneo menstrual que, ao invés de sair totalmente do útero junto com a menstruação, faria o caminho inverso, voltando para as trompas em direção ao abdômen. Com base nesta hipótese, muitos médicos tratavam a endometriose com a retirada do útero e dos ovários pois, desta maneira, não existiriam os hormônios nem o endométrio menstrual responsáveis pela doença. Com o passar dos anos descobriu-se que, muitas das pacientes que se submetiam a essas intervenções radicais, continuavam com os mesmos sintomas dolorosos. Nos últimos anos foram feitas algumas observações que colocam esta teoria em questão.

Estas observações incentivaram a busca para novos conceitos que têm levado a um diagnóstico mais preciso e um tratamento mais eficaz.

Tipos e classificação

A endometriose é uma doença enigmática e tem merecido classificações que procuram identificar a localização das lesões, o grau de comprometimento dos órgãos e a severidade da doença. Embora grande parte das clínicas utilize a classificação da American Fertility Society que divide a doença em mínima, leve, moderada e severa, recentes avanços na pesquisa da doença recomendam uma nova classificação em três diferentes tipos: superficial ou peritoneal, ovariana e infiltrativa profunda. Entretanto a endometriose é considerada uma doença multifocal, isto é, na maiorias das vezes ela se apresenta em mais de um tipo na mesma paciente: superficial e ovariana, intestinal e ovariana, as três juntas e assim por diante.

Todos os três têm o nome de endometriose, mas são consideradas doenças diferentes, pois não possuem a mesma origem e por isto recebem tratamentos diferenciados. Esta divisão tem facilitado o tratamento e a cura, e mostra a importância do médico especialista em conhecer cada um dos detalhes que envolvem a doença, conseguindo-se assim separar o "joio do trigo". Mais à frente, cada um destes 3 tipos será explicado com mais detalhes.

Outras classificações de endometriose
Classificação da Endometriose Quanto à Infiltração (Santos, 2008)
Utiliza-se o tipo de infiltração do tecido endometriótico com parâmetro de classificação, podendo ser de três tipos:

Tipo I – infiltração de endometriose no fundo de saco de Douglas de forma crônica, ou seja, a maior extensão da doença face peritoneal;
Tipo II – doença peritoneal que possui superiormente uma retração intestinal, dificultando o acesso à mesma;
Tipo III – aparece no fundo de saco de Douglas como a ponta de um iceberg. É a chamada adenomiose externa, devido ao desenvolvimento da endometriose na musculatura lisa do septo reto-vaginal.
Classificação da American Society for Reproductive Medicine (ASRM)
O sistema de classificação de ASRM é comumente utilizado atualmente e baseia-se no aspecto, tamanho e profundidade de implantes peritoneais e ovarianos; na presença, extensão e tipo de aderências; e no grau de obliteração do fundo de saco. Estes parâmetros, em conjunto, refletem a extensão da doença endometriótica. Os estádios são dependentes da pontuação de acordo com indicado abaixo (Lima et al, 2006):

Estágio I (endometriose mínima): escore 1-5, implantes isolados e sem aderências significantes.
Estágio II (endometriose leve): escore 6-15, implantes superficiais com menos de 5 cm, sem aderências significantes.
Estágio III (endometriose moderada): escore 16-40, múltiplos implantes aderências peritubárias e periovarianas evidentes.
Estágio IV (endometriose grave): escore > 40, múltiplos implantes superficiais e profundos, incluindo endometriomas, aderências densas e firmes.

Sintomas
As queixas mais comuns são a dismenorréia (cólica menstrual), dor pélvica crônica, infertilidade, menstruações irregulares, dor na ovulação, dor na relação sexual e fadiga crônica. Nos casos mais avançados observam-se alterações urinárias e intestinais relacionadas ao ciclo menstrual, dor à evacuação, inchaço abdominal persistente, sangramento intestinal, diarréia, ardor ao urinar (disúria), sangramento pela uretra e urgência miccional.

Estas alterações, muitas vezes, provocam conseqüências ruins na vida das mulheres tanto no aspecto profissional como emocional e afetivo. Entre a repercussões profissionais alguns autores observaram a diminuição da produtividade, diminuição do ganho mensal e menor chance de promoção e evolução na carreira profissional. Acrescentam ainda que muitas pacientes referem exclusão social, problemas psicológicos (depressão) e problemas nas relações afetivas que podem chegar até a separação dos casais

A Endometriose tem cura?
Esta é uma pergunta que as pacientes fazem com freqüência, e talvez o maior motivo desta dúvida seja o número grande de mulheres que realizam tratamentos e cirurgias repetidas para este problema.

É impossível afirmar que uma intervenção cirúrgica será definitiva para acabar com a doença, mas o que temos observado é que muitas pacientes fazem tratamentos cirúrgicos insuficientes para extingui-la definitivamente. Talvez, muitas das intervenções sejam incompletas devido ao alto grau de complexidade e riscos de complicações. Por isso, alguns cirurgiões preocupados com estes riscos limitam o grau de invasão do procedimento e acabam não retirando a totalidade da doença dos órgãos afetados.

As cirurgias mais modernas envolvem detalhes de conhecimento anatômico importantes e têm conseguido um alto índice de cura definitiva e a restauração da fertilidade.

ACUPUNTURA E ENDOMETRIOSE

Segundo a Medicina Tradicional Chinesa os canais de energia responsáveis pela menstruação são o fígado, o vaso penetração, o vaso da concepção e o baço. O movimento correto do sangue depende do QI do fígado.

A endometriose na visão da MTC tem sua origem em vários fatores, como a tensão emocional que leva a estagnação do QI do fígado causando dor, frio e umidade que leva a estagnação do sangue que também leva à dor, esforço excessivo, partos próximos, doenças crônicas atividade sexual em excesso.

Alguns fatores são importantes para se definir o padrão da doença no diagnóstico: a hora da dor, sua localização, ciclo menstrual, tipo de sangramento e a influência do calor e do frio nos sintomas.

Com essas informações pode ser diferenciada a característica de excesso ou deficiência da patologia.

"O tratamento consiste em harmonizar o sangue, cessar o sangramento, diminuir a estagnação, acalmar e nutrir o sangue, cessar a dor, mover e harmonizar o QI dos meridianos envolvidos.”

"A Acupuntura tem se mostrado eficaz no tratamento da endometriose por conseguir, por exemplo, aliviar sintomas de dor que os remédios não resolvem. Muitos dos casos de endometriose estão associados a processos aderenciais e à infertilidade, e para essas patologias a acupuntura também proporciona resultados favoráveis."


"De cada 100 mulheres em idade fértil, 15 sofrem de endometriose sem saber. Médicos cariocas descobriram que a acupuntura combate os desconfortos dessa doença: de cada 200 pacientes estudadas, 120 melhoraram."





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